Uma vez vi em algum lugar que a tristeza é mais fácil por ser uma rendição, que é mais fácil ceder a ela do que lutar por um sorriso, portanto a felicidade depende da sua disposição de não ceder a tristeza, a felicidade depende da sua vontade... na hora eu fiquei um pouco confusa porque eu acreditava que para ser feliz bastava ver o lado bom das coisas e estar perto daqueles que eu amo, porque eu li Pollyana, mas aí eu fui crescendo e foram surgindo os problemas da adolescência e eu percebi que encontrar pontos positivos dá muito trabalho, que entregar os pontos seria mais fácil, que não ter que buscar a felicidade seria mais fácil, às vezes a sensação que eu tinha era de me segurar pelas pontas dos dedos numa fenda minúscula em um enorme abismo, e quando eu estava quase conseguindo me erguer aparecia alguém para passar manteiga... mas soltar ainda está fora de cogitação. Por mais que ser feliz dê um trabalho danado, os momentos que experimentei daquela felicidade cintilante valeram cada pote de manteiga usado para tentar me fazer cair, e eu queria provar daquela felicidade de novo, e eu queria compartilhar com as pessoas que são importantes para mim, e eu queria poder limpar a manteiga dos meus amigos... e é essa a questão, a vontade! Talvez seja mais fácil quando há motivação, o que nem sempre é fácil encontrar, mas quando aqueles momentos de uma felicidade brilhante e eufórica aparecem, a vontade de sentir novamente é a melhor motivação que existe. Não há droga melhor no mundo do que um sorriso sincero!
Chico Xavier tinha em cima de sua cama a placa: Isso também passa!
Quando perguntaram o porquê disso ele disse que era para quando estivesse passando por momentos ruins, se lembrar de que aquilo iria passar e que ele estava vivendo aquilo por algum motivo, mas a placa também servia para os momentos felizes, para que ele não deixasse tudo para trás devido a uma felicidade momentânea porque aquilo também iria passar e outros momentos difíceis viriam, porque a vida é feita de momentos. Mas o principal propósito da placa era lembrá-lo de que tudo passa, mas nada acontece por acaso, e que não importa se era uma coisa boa ou ruim, ele tinha que enfrentar tudo, sem ceder, sem se entregar, e aprender com tudo...
Eu não sei se essa coisa de nada acontece por acaso serve de consolo, porque quando acontece eu levo tempo para entender porque aconteceu, e levo tempo para aceitar que aconteceu, eu perco muito tempo sofrendo pensando em como poderia ter acontecido... isso não é bom para mim, mas eu sou assim, e é nessas horas que o jogo do contente, que eu aprendi lendo Pollyana e jogava com mais facilidade durante a infância, é muito útil... eu levo tempo para encontrar o lado bom de algumas coisas, mas cedo ou tarde ele aparece, cedo ou tarde a tristeza passa, tem que passar, a manteiga endurece, e eu consigo me segurar por mais um tempo...
Beijinhos açucarados!